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Em CPI, empresário revela valores repassados pela Prefeitura e confirma que empresa sem licitação opera em Teresina

Alberlan Euclides Sousa garantiu aos membros da Comissão que cumpriu o que estava previsto na licitação acordada e pontuou que o repasse de subsídios é fundamental para saúde financeira dos consórcios

Nataniel Lima - 25 de maio de 2021 às 11:21

REPÓRTER: Paula Sampaio (Direto da Câmara de Teresina)

 

O dono da empresa Piauiense e representante do Consórcio Poty, Alberlan Euclides Sousa, prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), nesta terça-feira (25/05). O inquérito investiga o cumprimento da licitação contratada entre Prefeitura de Teresina e Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut).

Em depoimento, Alberlan Euclides Sousa confirmou a realização de quatro negociações com o Poder Municipal para o pagamento de verbas indenizatórias, em acordos judiciais e administrativos. O empresário, no entanto, revelou que os repasses sempre eram efetuados de maneira atrasada. Segundo ele, a empresa piauiense recebeu os seguintes valores:

  • R$ 1.5 milhão repassados em 18 meses
  • R$ 3 milhões repassados em 36 meses
  • R$ 129 mil de novembro de 2019 até fevereiro de 2020
  • R$ 423 mil do acordo Covid, que ainda estaria pendente
  • R$ 936 mil do Fundo de Trânsito
Empresário Alberlan Euclides Sousa (Foto: Ricardo Morais/OitoMeia)

No consórcio, a Piauiense foi contratada inicialmente com o total de 42 veículos e, hoje, durante a pandemia, veicula na capital com 10 ônibus. Os valores que foram repassados às demais empresas ainda não foram divulgados.

Questionado pelo relator da CPI, Enzo Samuel, o empresário explicou como esses pagamentos são feitos.

“O edital obrigou criar uma conta. Os subsídios não podem passar direto para as empresas. O fundo é rubrica para isso. É subdividido para cada um e cai na conta das empresas depois. O Setut só é o sindicato das empresas e foi criado para negociar com os trabalhadores e gerenciar, como um centralizador. Essa conta o Setut tem acesso e divide para as empresas. O prazo para o pagamento é 24h. […] O normal seria que fosse depositado todo mês. Então, as empresas teriam uma boa saúde financeira”, respondeu.

Vereador Enzo Samuel (Foto: Ricardo Morais/OitoMeia)

EMPRESA ATUA SEM LICITAÇÃO

O dono da empresa Piauiense ainda confirmou que um empresário da cidade de São Luís, que não teve o nome identificado, opera em Teresina mesmo sem ter ganhado a licitação. Segundo ele, a situação teria ocorrido após a empresa Teresinense declarar falência e surgir demanda de mais veículos para o sistema e a Prefeitura exigir novos ônibus com ar-condicionado.

“Não tínhamos crédito para comprar ônibus novo. Procuramos esse colega de São Luís e ele concordou em comprar ônibus novos como investidor. A Prefeitura concordou. Ouve um ruído com esse empresário, ele se zangou e retirou os ônibus. Conversamos e chegamos ao acordo e ele está autorizado a rodar pela Strans como se houvesse licitação, pois está regular. Tudo foi feito com anuência do poder público”, pontuou.

“O QUE FALTOU FOI ENTRETENIMENTO”

Alberlan Euclides Sousa garantiu aos membros da Comissão que cumpriu o que estava previsto na licitação acordada e pontuou que o repasse de subsídios é fundamental para saúde financeira dos consórcios. Segundo ele, o único objetivo do Inthegra que não foi possível instalar teria sido um sistema de som para orientar usuários.

Terminal de integração em Teresina (Foto: Ricardo Morais/ OitoMeia)

O empresário classificou o sistema implementado na capital como moderno e avaliou que o que teria “faltado” para alcançar um padrão do transporte de cidades europeias, por exemplo, teria sido “entretenimento” para usuários enquanto aguardam a integração.

“Nós fomos exigidos que cumpríssemos todas. Todo o sistema. A única que não foi possível cumprir foi o sistema de áudio nas estações. O edital previu, mas não foi possível. O sistema de áudio não funcionou e foi preferível colocar os painéis para dar informação aos usuários. Mas tudo foi feito […] O que faltou foi entretenimento para as pessoas passarem no tempo que ficam aguardando o ônibus. Foi isso que não conseguimos implementar durante a pandemia”, declarou.

Ao argumentar sobre os salários irregulares de funcionários, Euclides Sousa pontuou que os empresários não pagam funcionários, pois não estão recebendo do poder municipal. Segundo ele, os recursos arrecadados com o serviço são aplicados para que o sistema operacional continue a funcionar. Ele ainda deixou uma alfinetada ao vice-prefeito e secretário de Finanças Roberto Rios (PSB): “O que precisa ser feito é pagar. Tudo foi autorizado na época da licitação. Todos chegaram na conclusão de que a PMT teria que pagar [os subsídios]. Já disseram que ‘não vou pagar nada para empresário’. Não é para o empresário. É para a população não pagar 5 ou 6 reais de tarifa”, disse.

PRESIDENTE PEDIRÁ PARA VER CONTAS

O presidente da CPI, vereador Dudu Borges (PT) avaliou como produtiva as oitivas concluídas até o momento. Segundo ele, a comissão também pedirá para ouvir gestores anteriores e investigará contas do Setut.

“Algumas coisas precisam ter desdobramentos que precisamos ouvir gestores anteriores para que possam dar explicações sobre os acordos judiciais e administrativos feitos, precisamos ver contas do Setut para que possa demonstrar como está sendo feito, pois se formos pegar empresa por empresa o que recebeu não vai fechar conta nunca do que foi pago pela Prefeitura e o que foi feito acordo”, comentou. 


Nataniel Lima