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Polícia Federal na ‘Dimensão Distribuidora’, do empresário Jadyel Alencar; entenda o esquema

De acordo com a PF, a empresa vendeu como máscara N95, máscara cirúrgica descartável, dentre outros, em percentual de até 500% superior ao definido na nota técnica

Redação OitoMeia - 14 de janeiro de 2021 às 13:37

O empresário Jadyel Silva Alencar, dono da Dimensão Distribuidora de Medicamentos, empresa que está entre os alvos da Operação Onzena, desencadeada na manhã desta quinta-feira (14/01), acumula uma fortuna em bens e por isso, vez por outra, é algo de críticas e comentários nas redes sociais.

Sua empresa, Dimensão, estaria envolvida na operação da PF que investiga ainda a Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares (Fepiserh) e Secretaria de Saúde do Estado do Piauí (Sesapi). Foram cumpridos mandados na sede da empresa localizada na avenida Gil Martins, no bairro Pio XII, zona Sul de Teresina.

A acusação trata de supostas fraudes em processos licitatórios e superfaturamento em contratos públicos firmados pela Fepiserh, presidida pelo deputado estadual licenciado Pablo Santos (MDB), e pela Sesapi, administrada pelo secretário Florentino Neto (PT). Seriam custeados com recursos públicos federais repassados pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS).

De acordo com a Polícia Federal, a Dimensão Distribuidora vendeu itens de proteção no combate à covid-19, como máscara N95, máscara cirúrgica descartável, dentre outros, em percentual de até 500% superior ao definido na nota técnica 05 da Controladoria Geral do Estado (CGE) como o praticado no mercado mesmo em período da pandemia. Também foi constatada durante a auditoria do TCE aquisição de testes rápidos para detecção da covid-19 classificados como “não conformes”.

A Operação Onzena da PF também constatou indícios de montagem fraudulenta de processo, de acerto prévio entre agentes públicos e empresas contratadas, bem como suspeitas de combinação entre essas empresas, de forma a possibilitar que fossem contratadas com preços abusivos. Foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão, sendo 13 em Teresina, 2 em Picos, 1 em Bom Princípio do Piauí (PI) e 1 em Timon (MA). O trabalho contou com a participação de 8 servidores da CGU e de 79 policiais federais.

Agentes da Polícia Federal estiveram na frente da Dimensão Distribuidora em Teresina (Foto: Ricardo Morais / OitoMeia)

DIMENSÃO DE JADYEL ALENCAR

A reportagem do OitoMeia buscou o empresário Jadyel Alencar para falar sobre o assunto. Os telefones dados à reportagem por fontes davam na caixa postal. Em seu escritório, portas fechadas. Além desta operação, a sua empresa se viu envolvida, no ano passado, em outra operação policial que também investigava fraude e desvio em recursos enviados para combate ao Covid-19. Em 2017, Jadyel foi condenado em 2017 pelo juiz Agliberto Gomes Machado, da 3ª Vara Federal no Piauí. O empresário fora acusado de compra e venda de soro fisiológico roubado da Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi). Na sentença foram condenados também Jefferson Eudes e Uiramilton Cunha, por participação no esquema.

Sede da Dimensão Distribuidora localizada na zona Sul de Teresina (Foto:Ricardo Morais / OitoMeia)

A ACUSAÇÃO CONTRA A DIMENSÃO

De acordo com a denúncia, Uiramilton era vigia do depósito da Sesapi, em 2011, quando se uniu a Jefferson para desviar medicamentos. Jefferson trabalhava com venda de medicamentos e era o responsável por encontrar um comprador da mercadoria desviada. Jefferson fez a venda de 371 caixas de cloreto de sódio fisiológico a Jadyel, dono da Dimensão Distribuidora, que por sua vez, revendia a seus clientes. Porém, esses medicamentos fornecidos pelo Ministério da Saúde são para uso do SUS e possuem a informação impressa na caixa “uso restrito a hospital – proibição de venda ao comércio”.

Empresário Jadyel Alencar (Foto: Reprodução das redes sociais)

PROCESSOS CONTRA JADYEL TAMBÉM NO MARANHÃO

Um dos processos que tramita no Maranhão é na cidade de Bom Jardim. Nesse caso, devido a uma suposta licitação irregular para aquisição de medicamentos, insumos hospitalares, entre outros materiais, o Ministério Público do Maranhão ajuizou, em 12 de março do ano passado, Ação Civil por ato de improbidade administrativa contra o então prefeito Francisco Alves de Araújo e mais nove envolvidos, entre eles, Jadyel. Em setembro de 2018, a empresa de Jadyel virou alvo de investigação da Promotoria de Justiça da Comarca de Buriti, por supostos prejuízos aos cofres públicos do município.

Sites e blogs no Maranhão já divulgaram investigações contra Jadyel e sua empresa (Foto: Reprodução blogdokielmartins.com.br)

 

MAIS UMA VEZ: ACUSAÇÃO FOI DE SUPERFATURAMENTO

De acordo com o Inquérito Civil, a Prefeitura de Buriti, na época administrada pelo prefeito Naldo Batista (PCdoB), é suspeito de irregularidades na adesão à Ata de Registro de Preços n.º 001/2018 e à Ata de Registro de Preços n.º 002/2018, no valor estimado de R$ 12.132.504,00, ambas do município de Pinheiro, para aquisição de medicamentos, materiais hospitalares e odontológicos. De acordo com o MP-MA, os preços indicados na ata originária do pregão n.º 11/2017 foram em média 136% acima do valor de mercado, havendo superfaturamento de 438%.

Alguns processos que o empresário responde na Justiça (Foto:Reprodução do site JusBrasil)

DONO DE VÁRIAS EMPRESAS E AMIGO DE FAMOSOS

Em suas redes sociais, Jadyel Alencar se identifica como sócio proprietário, além da Dimensão Distribuidora, das empresas Jupi Indústria de Alimentos, J.S.A Import e Postos Dimensão. Dono de carros luxuosos, possui imóveis no Piauí e no Ceará e comprou, em outubro de 2018, um jato executivo “Phenom 100”, da Embraer. Teria lhe custado algo em torno de R$ 12 milhões. Segundo levantamentos, apenas com prefeituras do Maranhão entre os anos de 2017-2020, ele possuía mais de R$ 260 milhões em centenas de contratos. Jadyel também é conhecido por amizades com cantores famosos, como Weslley Safadão. Em 2015 o cantor esteve na mega-festa de casamento em Teresina de Jadyel com Taciane Torres. Numa recente polêmica, em março de 2020, quando a pandemia fazia centenas de pessoas saírem a procura de máscaras, sua empresa, na mesma sede que foi alvo da PF-PI, aumentou o preço da caixa do produto de R$ 11 para R$ 189. O OitoMeia fez uma matéria, onde a Dimensão alegava que o aumento se deve ao repasse dos fornecedores. À época o Ministério Público havia iniciado uma investigação. A empresa pôs a culpa nos insumos importados e no preço do dólar.

Weslley Safadão esteve na mega festa de casamento de Jadyel Alencar em Teresina (Foto: Péricles Mendel / Cidade Verde)

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