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Piauí é pioneiro no Brasil ao criar setor para reabilitar pacientes com sequelas da Covid-19

Uma equipe multiprofissional faz avaliação para saber quais tratamentos serão necessários para os pacientes voltarem às atividades normais

Nataniel Lima - 13 de janeiro de 2021 às 07:51

A Covid-19 tem deixado pacientes com sequelas, mesmo meses após estes serem considerados curados. Para recuperar estas pessoas, o Governo do Piauí destinou, desde o dia 17 de novembro de 2020, um setor específico dentro no Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), em Teresina, e do Centro Integrado de Reabilitação (CER) IV, em Parnaíba, por meio de uma parceria entre a Secretaria de Saúde (Sesapi) e a Secretaria para Inclusão da Pessoa com Deficiência (Seid).

A iniciativa é mais uma entre as diversas ações que o Governo do Estado tem adotado para conter o impacto da Covid-19. Um dos poucos estados que não enfrentou colapso no sistema de saúde, o Piauí ainda mantém a doença sob controle por meio de medidas como testagem em massa, rastreamento dos infectados e das pessoas que tiveram contato com eles e rigorosa fiscalização das autoridades para que as empresas cumpram as medidas restritivas. Todas as medidas são coordenadas pelo Centro de Operações em Emergência (COE), criado no início da pandemia.

Espaço para tratar pessoas com sequelas da Covid, no Ceir (Foto: Divulgação)

No caso dos pacientes pós-Covid, a reabilitação é indicada principalmente para aqueles que ficaram em UTI ou passaram por longo tratamento de Covid, pois geralmente ficam com alguma sequela neurológica ou respiratória por causa da doença. Os pacientes devem ser regulados por uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

Uma equipe multiprofissional faz avaliação para saber quais tratamentos serão necessários para os pacientes voltarem às atividades normais. “Algumas pessoas que tiveram Covid têm dificuldade de retomar atos simples como andar, comer ou trocar de roupa; outros têm quadros de fadiga e dor crônica”, afirma o secretário de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Mauro Eduardo.

Assim, dentro do Ceir e do CER IV foi criada uma área específica voltada para reabilitação cardiopulmonar; centro de diagnóstico com a oferta de exames laboratoriais; raios X, tomografia computadorizada, ultrassom, espirometria e E.C.G; nutrição; fonoaudiologia, psicologia e fisioterapia, além de médicos. Ao todo, o CEIR disponibiliza 200 vagas para terapias, no horário de 17h às 21h, de segunda a sexta-feira.

“Muitas dessas pessoas passaram de alguma forma a ter alguma deficiência e com esse serviço elas terão a possibilidade de se reabilitar e voltar às atividades laborais de forma a atender o seu anseio pessoal, que é de prover o sustento da própria família”, comentou Mauro Eduardo.

(Foto: Divulgação)

Triagem

No primeiro momento, após o encaminhamento pelas UBS, é feita a triagem com um pneumologista para saber se o paciente é legível ou não para o tratamento. Depois, o paciente passa por exames. Em um segundo momento, o paciente volta para uma consulta de admissão com o médico. Desta consulta, o médico encaminha para a fisioterapia, que é a parte de habilitação cardiopulmonar e motora. Também encaminha para o nutricionista, psicologia, neurologista, caso necessite, com acompanhamento no Ceir ou CER IV.

A reabilitação pulmonar tem duas fases: a primeira é feita com os pacientes mais acometidos, mais debilitados, que vão passar por expansão pulmonar, terapia higiene brônquica, alongamentos com os pacientes que passaram muito tempo acamados. Os pacientes mais estáveis vão para a reabilitação pulmonar propriamente dita, que é a parte de atividade física para ganho de força muscular, equilíbrio e ampliar a capacidade pulmonar.

Melhoras

O corretor de imóveis Inácio Antônio Morais Guimarães confirmou a infecção da Covid-19 no dia 4 de junho de 2020 e chegou a ficar internado por cinco dias em um hospital de campanha. Após se recuperar da infecção pelo vírus, ele começou a apresentar sequelas. “Cansaço generalizado, tremedeira e tosse constante se mantiveram presente após eu me recuperar. No dia 20 de novembro, eu iniciei o acompanhamento pelo serviço de reabilitação e já estou sentindo melhoras. Faço as sessões três vezes por semana e já vejo os resultados”, fala Inácio.

A advogada Justina Vale, esposa de Inácio, conta que seu marido passou 33 dias internado e saiu bastante debilitado. “Quando nós soubemos dos serviços do Ceir nós fomos na UBS e eles fizeram o encaminhamento. No outro dia ele já começou a fisioterapia motora”, diz.

O secretário de Saúde Florentino Neto destaca que o serviço garante mais uma esfera de enfrentamento da pandemia no sistema de saúde do estado. “Nós trabalhamos a questão da prevenção, orientando cuidados para a população com base em especialistas, melhoramos a nossa estrutura por todo o estado, fazendo nossa rede apta a atender a demanda gerada pela pandemia e agora temos um reforço para o momento pós infecção, onde oferecemos um serviço de qualidade para melhorar a qualidade de vida da nossa população que passou pela infecção da Covid-19”, disse o gestor


Nataniel Lima