Menu
redacao@oitomeia.com.br
(86) 98119-5253    28/03/2024
Notícias

Lucas Villa: o ponto de equilíbrio no Caso Fernanda Lages

Redação OitoMeia - 1 de maio de 2017 às 10:09

Quem acompanhou o Caso Fernanda Lages de perto deve lembrar do advogado Lucas Villa, que defendeu a família da jovem encontrada morta no prédio em obras do Ministério Público Federal, localizado na avenida João XXIII, zona leste de Teresina no dia 25 de agosto de 2011.

Sempre sereno, discreto e objetivo em suas declarações durante todo o período de investigações, tanto da Polícia Civil como da Federal, ele aparece como um dos protagonistas do Caso Fernanda Lages no livro ‘O Boato – Verdade e Reparação no caso Fernanda Lages’.

De autoria do escritor e jornalista Eneas Barros, a obra tem trazido reviravoltas e revelações surpreendentes sobre o caso que completa seis anos em 2017, como tem mostrado o OitoMeia desde o lançamento. E uma delas parte do depoimento de Lucas Villa.

Livro de Eneas Barros tem entrevista com Lucas Villa (Foto: Divulgação)

O livro tem contribuído para colocar cada personagem deste emblemático caso policial no seu devido lugar. Claro, como mostra o livro, por tudo o que disseram e agora precisam redizer, com direito a demonstrações de arrependimentos, como a entrevista do promotor aposentado Eliardo Cabral, que tanto falou em “figurão do pé 42” no Caso Fernanda Lages.

Só para relembrar, Eliardo acabou por desfazer uma das maiores injustiças desse caso. O ex-promotor revelou ao escritor Eneas Barros que o engenheiro Jivago Castro foi muito investigado pelo Ministério Público, mesmo ele tendo agora revelado que fora “injustamente apontando” no caso. E foi ainda mais longe: acusou o jornalista Arimatéia Azevedo de forçar uma acusação ao engenheiro, como também já mostrou o OitoMeia.

LUCAS VILLA
Voltando a Lucas Villa: é possível constatar ser um dos personagens mais sóbrios deste emblemático caso. Contratado pela família de Fernanda Lages para acompanhar as investigações, Lucas à primeira vista pode parecer até um pouco excêntrico e vaidoso, mas sobrou-lhe serenidade e muita paciência para acompanhar as investigações, que, segundo ele próprio, foram conturbadas pelo Ministério Público, durante todo aquele tempo, mantendo-se sempre à luz da razão, sem se deixar levar pela marca registrada desse caso: os boatos.

Lucas Villa, hoje vice-presidente da OAB-PI, foi personagem no caso (Foto: Divulgação)

DIFERENTE DE ELIARDO E UBIRACI
As revelações de Lucas Villa na entrevista concedida a Eneas Barros também têm provocado muitas discussões principalmente no meio jurídico, onde ele hoje se destaca como vice-presidente da OAB-PI. Admirado e respeitado pelos colegas advogados, a sua postura durante o caso lhe rendeu uma grande projeção profissional. Sua postura quando era procurado pela imprensa, mesmo defendendo uma das partes que mais perdeu com isso tudo, a família de Fernanda, destoava das estridentes declarações dos promotores no caso, Eliardo e recém saído Ubiraci Rocha.

O QUE ELE DISSE NO LIVRO ‘O BOATO’
Lucas Villa disse ao escritor que não poderia tratar de todos os aspectos do inquérito, pois ainda segue inconcluso, sob a responsabilidade do Ministério Público. E nem poderia emitir algumas opiniões pessoais, pois ainda representa os seus constituintes, deixando claro que existe divergência de pensamento entre as partes e que, por questões de ética profissional, preferia conter-se sobre certas particularidades. Mas Lucas acredita que houve um abismo muito grande entre o que a imprensa divulgou, sobre o que a polícia concluiu e o que de fato aconteceu. Cuidadosamente, o advogado pontuou que sempre teve uma grande preocupação em não tratar de autoria nesse caso, distanciando-se da postura acusatória do Ministério Público.

Lucas Villa ao lado do pai de Fernanda Lages (Foto: Divulgação)

“NEUROSE DE HISTERIA COLETIVA”, DISSE
Segundo Lucas Villa, os promotores “colocaram o carro na frente dos bois”. E, antes de haver provas da materialidade de um homicídio, já estariam expondo uma autoria sem qualquer prova de que Fernanda teria sido assassinada. Lucas disse, ao autor, que nesse caso houve uma “neurose e uma histeria coletiva” e que o caso passou a ser o grande assunto das pessoas. A sua maior dificuldade foi filtrar todo tipo de informação, muitas tidas como boatos, que chegavam a ele e à família de Fernanda. Algumas foram encaminhadas à polícia, para comporem as investigações.

NO QUE ACREDITA O ADVOGADO DA FAMÍLIA?
O advogado afirmou, ainda, que o resultado da Polícia Federal (suicídio ou queda acidental) não seria uma hipótese impossível, mas sustenta que acredita na tese do crime contra a vida de Fernanda e levanta duas questões, as quais precisam ser esclarecidas para que, no seu entendimento, aquela conclusão possa ser aceita. Segundo Lucas, existem duas situações duvidosas nos autos do inquérito, que afastam o caso de um suicídio. Sem respostas a esses dois elementos, seria muito difícil assimilar a tese da Federal. Para o advogado: a) a posição em que caiu o corpo não é compatível com um acidente e “pouco” compatível com uma precipitação suicida; e b) não foram identificados dois DNA masculinos, encontrados no local.

Lucas ao lado dos promotores no caso (Foto: Divulgação)

PF DISSE QUE CASO É COMPATÍVEL COM SUICÍDIO
Entretanto vale ressaltar, a perícia forense, da Polícia Federal, após realizar mais de 400 exames, apresentou em um de seus laudos que a distância entre o corpo e o prédio é, sim, compatível com o suicídio. Nestes casos, a distância é quase sempre maior que para um homicídio. Quanto à identificação dos perfis genéticos encontrados no local, embora Lucas Villa cobre, hoje, pela identificação de dois perfis genéticos, o próprio advogado já havia revelado, em entrevista ao Jornal O Dia, que um dos perfis foi identificado sendo de um operário e o segundo ainda resta a dúvida.

EXISTIA OU NÃO UMA OUTRA PESSOA NA OBRA?
Lucas coloca em sua entrevista, de forma coerente ao que dizia na época do caso, que a existência de um DNA não identificado no local seria prova concreta de que poderia ter havido uma segunda pessoa com Fernanda. A Polícia Federal, no entanto, afastou a possibilidade de uma segunda pessoa no local pelo conjunto das provas e principalmente pela inexistência de lesões anteriores à queda, atribuindo esse perfil a um operário.

Policiais federais no local do Caso Fernanda Lages (Foto: Divulgação)

“ERA ANGUSTIANTE NÃO PODER DIZER: NÃO FOI O JIVAGO”
Na entrevista, Lucas Vila revela que o engenheiro Jivago Castro nunca foi suspeito para a polícia. Disse que muito se especulou sobre o engenheiro, sendo implantada na cabeça das pessoas e da família de Fernanda Lages, principalmente por conta do que parte da imprensa divulgava e pelo discurso sedutor dos promotores no que diz respeito a uma suposta participação do engenheiro. O advogado revelou que tem um suspeito, mas preferiu não revelar em sua entrevista, embora tenha deixado claro que é de conhecimento da família de Fernanda Lages. Em todo caso, afirma o advogado, seu suspeito não é Jivago. Deixou isso bem claro, demonstrando que teve muita dificuldade em administrar essa relação advogado x cliente, devido às fortes convicções da família quanto à participação de Jivago. Na sequência da entrevista, Lucas comenta sobre o que diziam os promotores e como surgiam os boatos. E revelou que se angustiava por não poder chegar para a família e dizer: “olha, não foi o Jivago”. Ele disse que a relação ético-profissional não lhe permitia fazer isso. Mas fez solicitações de diligências à polícia, para esclarecer as muitas informações que chegavam de várias fontes, algumas até consideradas “absurdas”.

CONFIRA A ENTREVISTA DE LUCAS VILLA NO LIVRO ‘O BOATO’:

LEIA MAIS SOBRE O CASO FERNANDA LAGES:

Jivago Castro X Arimateia Azevedo: “Se ele não tivesse ameaçado me processar

Eliardo, depois de quase 6 anos, volta a falar do caso: “Jivago foi injustamente acusado”

Caso Fernanda Lages: Onde está o assassino do ‘pé 42’ revelado pelo MP?

“Não me sinto confortável”, diz Ubiraci Rocha ao deixar caso Fernanda Lages

Caso Fernanda Lages: promotor Régis reencontra “documento perdido” e responde

Caso Fernanda Lages: Trabalho de Cleandro, Regis e de todo o MP colocado em xeque

Caso Fernanda Lages: Promotor Regis assume lugar de Ubiraci e constata “processo parado

João Malato fala sobre assumir Caso Fernanda Lages; Ubiraci e Regis respondem

“Morte sem dor”, teria dito Fernanda Lages após negar suicídio em carta psicografada


Redação OitoMeia