Menu
redacao@oitomeia.com.br
(86) 98119-5253    28/03/2024
Notícias

Professor escreve livro resgatando a história do estado do Piauí

Redação OitoMeia - 24 de fevereiro de 2017 às 13:24

O professor piauiense, Marcos Paixão, escreveu um livro sobre a história do Piauí, e conta como foi o processo de construção da obra. O livro “Ensaios do Norte: histórias do coração do Piauí, trará muita discussão nos círculos acadêmicos e populares. Marcus Paixão é Mestre em Teologia e formado em História pela UESPI, em processo de pós graduação em História do Brasil.

Sobre o livro, ele conta sobre sua decisão em escreve-lo, confira:

“Depois de alguns anos de pesquisa sobre a história do Piauí, especialmente da rica e fecunda região norte do Estado, resolvi reunir em um livro alguns dos meus principais ensaios historiográficos. Desde o princípio, quando comecei a fazer pesquisas sobre a história colonial, me deparei com alguns problemas. Muitas informações eram desencontradas, contraditórias e até mesmo inventadas. O processo de invenção das tradições é tão volumoso no universo mundial que o fenômeno chama atenção em qualquer lugar em que se faça história”.

Livro “Ensaios do Norte: histórias do coração do Piauí” (Foto: Divulgação)

O professor diz que em Campo Maior, cidade com mais de três séculos de existência humana, as tradições inventadas são tantas que a maioria das pessoas desconfia quando alguma delas é contestada. Ficou cimentado no imaginário popular que Bernardo de Carvalho foi o fundador da cidade, fato que se deu a partir de sua fazenda, a Bitorocara. Nas últimas décadas, foi quase unânime a aceitação da tese do padre Cláudio Melo.

Em 2015, no seu livro Campo Maior Origens, a tese foi desacreditada com uma série de argumentos e provas documentais de que a dita fazenda não estava situada na região de Campo Maior, mas muito mais ao norte, nas proximidades do rio Parnaíba. Outra revelação do autor é que a história da igreja de Santo Antônio, que antes se pensava ter apenas dois templos, também precisou ser revisada. Foram três templos: 1711, 1779, 1944. A ideia de que Bernardo de Carvalho foi o construtor da igreja também foi reescrita:

“Na verdade, seus escravos, com muito suor e sofrimento, foram os responsáveis por erguer a igreja de Santo Antônio. E não apenas o primeiro templo, de 1711, o segundo templo, construído em 1779 e que era desconhecido até pela diocese local, também foi levantado por escravos. A própria história do negro em Campo Maior, antes praticamente desconhecida, começou a ser escrita”.

Conforme o professor Marcus, os negros tiveram um grande papel na construção de Campo Maior:

“Em Campo Maior a presença e a influência negra foi tão grande, que sua marca persiste em permanecer até hoje. Foram eles que construíram a igreja, as duas, inclusive a do Rosário, em seu primeiro templo, bastante diminuto, oferecido a imagem da santa negra, do Rosário, devoção do negro africano sob a influência do catolicismo do branco europeu. Construíram as primeiras casas da vila, onde seus senhores brancos viveram. A velha praça preserva até hoje resquícios desses edifícios. As paredes do açude grande da cidade, maior símbolo natural de Campo Maior, foram construídas pelos escravos negros, mesmo tendo a documentação antiga registrado que a obra foi realizada por Jacob Manoel de Almendra. O rico senhor feudal português recebeu os méritos, mas a obra desgastante foi realizada pelos seus escravos. Em documentação do princípio do século vinte há a menção na “rua dos negros”, nome de uma antiga rua, por trás dos casarões da praça Bona Primo, onde um conjunto de choupanas que abrigavam um bom número de negros”. Ele lembra que essas histórias estavam silenciadas, no subterrâneo dos séculos passados, mas que agora começaram a ganhar destaque.

O livro Ensaios do Norte: histórias do coração do Piauí segue essa mesma linha, uma marca registrada do historiador polemista Marcus Paixão. O livro traz 40 ensaios com histórias relacionadas ao norte piauiense, especialmente Campo Maior, palco de muitos dos grandes acontecimentos históricos do Piauí.

O autor, nas entrelinhas, propõe uma releitura da história piauiense. A parte mais polêmicos do livro consta de uma série sobre o Cemitério do Batalhão, onde estariam enterradas as pessoas que morreram na Batalha do Jenipapo. Ele propõe uma nova reflexão sobre a história e acrescenta que a maior parte dos mortos na Batalha do Jenipapo foi sepultado na própria cidade de Campo Maior e não no cemitério que fica atrás do Monumento.

Em outro ensaio, ele faz revelações sobre os cemitérios campo-maiorenses; fala sobre famílias tradicionais, revela o conteúdo de correspondências entre figuras importantes da cidade. Numa delas, ficamos sabendo que um dos prefeitos da cidade de Campo Maior já teve a pretensão de aterra por completo o açude grande da cidade para construir casas populares. O livro vai fazer o coração do leitor pulsar forte. O autor informou que o livro será lançado em março, mas não informou a data exata.


Redação OitoMeia