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Grupo Odebrecht pagou US$ 1 bi em propina em 12 países

Sávia Barreto - 21 de dezembro de 2016 às 18:18

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que a Odebrecht e a Braskem pagaram mais de 1 bilhão de dólares em propina em mais de cem projetos conduzidos em doze países. A cifra consta de um documento divulgado nesta quarta-feira pela órgão americano, que assinou acordos de leniência com as duas empresas numa negociação que também envolveu as procuradorias do Brasil e da Suíça. Pelos acordos, as companhias admitiram ter participado de esquemas de corrupção ao redor mundo e se comprometeram a pagar 3,5 bilhões de dólares aos três países. Com isso, elas se livram de ações judiciais em curso ou que podem vir a ser abertas no futuro.

Sede da empreiteira Odebrecht (Rivaldo Gomes/Folhapress)
Sede da empreiteira Odebrecht (Rivaldo Gomes/Folhapress)

Além do Brasil, a Odebrecht pagou vantagens ilícitas em empreendimentos de Angola, Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela. Os pagamentos teriam sido feitos entre 2001 e 2016. De acordo com o documento, a empreiteira desembolsou a título de propina 439 milhões de dólares no exterior e 349 milhões de dólares no Brasil. Como contrapartida, a companhia teria sido beneficiada com contratos de 3,3 bilhões de dólares como “resultado dos esquemas de corrupção”. A Braskem, que é controlada pela Odebrecht em parceria com a Petrobras, desembolsou sozinha cerca de 250 milhões de dólares em dinheiro sujo.

Os pagamentos usados para corromper autoridades brasileiras e estrangeiras eram feitos por meio do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, setor que a Operação Lava-Jato concluiu ter sido criado para distribuir dinheiro sujo a mando das empresas que formam o conglomerado.

De acordo com o documento do Departamento de Justiça dos EUA, a Braskem repassava recursos ao Setor de Operações Estruturadas, que eram pulverizados para uma série de offshores para que fosse mais difícil rastrear o fundo original dos recursos e os destinatários finais da propina. Entre 2002 e 2014, a empresa “conscientemente conspirou e concordou a pagar, em corrupção, milhões de dólares a partidos políticos e seus dirigentes e a candidatos para obter vantagens, influenciar decisões e garantir negócios no Brasil”.

Dos cerca de 250 milhões de dólares em propina pagos pela companhia, aproximadamente 75 milhões de dólares que transitaram pela central de propina foram usados para corromper agentes e garantir benefícios de pelo menos 289 milhões de dólares à subsidiária da Odebrecht. No caso da Braskem, as autoridades americanas detalham, por exemplo, que parte do dinheiro foi desembolsado como propina para se alterar a fórmula de cálculo do preço de nafta, composto proveniente do petróleo utilizado como matéria-prima do setor.

Nas investigações da Operação Lava-Jato, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, ambos delatores do petrolão, já haviam afirmado à Polícia Federal que a Braskem pagou de 1% a 3% em propina, em dinheiro vivo, tanto para Costa quanto para políticos filiados ao Partido Progressista (PP) entre 2006 e 2012. Entre os parlamentares citados pelos delatores estão os deputados e ex-deputados Pedro Henry e Pedro Corrêa, ambos já condenados no julgamento do mensalão, Nelson Meurer, João Pizzolati, Mario Negromonte, Luiz Fernando Sobrinho, José Otávio, Arthur de Lira, Dudu da Fonte e Aguinaldo Ribeiro e os senadores Ciro Nogueira e Benedito de Lira. Todos negam irregularidades.

O documento do Departamento de Justiça dos Estados Unidos é assinado pelo procurador de Justiça Robert L. Capers e pelo chefe da Seção de Fraude da Divisão Criminal do Departamento de Justiça Andrew Weissmann. Em termos de valores monetários, o acordo de leniência firmado com a Odebrecht e a Braskem é o maior já feito na história mundial em um caso de corrupção, informou o departamento americano.


Sávia Barreto