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Moda

Camila Coutinho: “Blogueiras são meninas que criam negócios”

Redação OitoMeia - 2 de janeiro de 2017 às 12:03
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Camila Coutinho conta sobre a sua vida amorosa e seu negócio com as redes sociais (Reprodução/Cosmoplitan)

Existe a impressão de que a vida de Digital Influencer é fácil. É?

Não mesmo! A minha, pelo menos, é beeem corrida, trabalho bastante. As blogueiras de hoje são meninas que criaram negócios sozinhas. Fizeram um nome sem trabalhar para uma instituição. Por isso, acumulamos mais funções. Tem muito mérito quem consegue se destacar, criar uma marca pessoal forte, que as pessoas reconhecem, se inspiram, querem seguir. É uma profissão completamente livre. Quer fazer mais do mesmo? Tudo bem. Mas pra mim a graça é a liberdade de criar projetos que ninguém fez, várias vezes sem um superbudget.

Qual o lado bom e o lado ruim de ser blogueira?

A melhor parte é sem dúvida o prazer de ter transformado um hobby em profissão. Gosto tanto do que faço que até esqueço de tirar férias. Poder definir sua própria rotina e horários também é incrível! Mas ficar longe da família e perder acontecimentos importantes na vida das amigas pega um pouco — foram muitas faltas em casamentos este ano! Agradeço todos os dias pela existência dos grupos de WhatsApp! [risos]

Você tem uma preocupação constante com a sua imagem?

Estou sempre preocupada com o meu bem-estar, em me sentir bem. Amo me arrumar e sou supervaidosa, mas respeito meu limite, sabe?

Rola ir a padaria sem make, por exemplo?

Se vou viajar, passo base, BB cream, blush e balm, que é o meu básico. Em voos grandes, tiro toda a maquiagem para dormir. Na hora de descer, vou de cara limpa e óculos escuros grandes. Se você está sempre muito maquiada, vira refém disso e as pessoas esperam te ver sempre assim. Quando não se leva tão a sério, se mostra desmontada e as pessoas já esperam outras coisas. Mas, às vezes, quando encontro alguém no aeroporto que pede para tirar uma foto, até brinco: “Só marca quem eu sou na foto porque não sei se vão me reconhecer. Ah! E bota um filtro”. [risos]

Em que momento você percebeu que era famosa?

Não tem uma passagem específica. Mas me lembro de uma história engraçada. Uma vez fui levar meu irmão Antônio, que hoje tem 14 anos, ao cinema. Ele era novinho, devia ter uns 7 anos, e, antes de sair, meu pai explicou: “Filho, sua irmã tem um site e as pessoas a conhecem”. Antes do filme, sentamos num café e ele disse: “Essa história de que você é famosa é mentira, a gente está aqui há 15 minutos e ninguém veio falar contigo”. [risos] Isso de pedir para tirar foto demorou, pois comecei o blog antes da febre das blogueiras. Eu tinha um site, era um veículo. Tanto que nas primeiras SPFW fui à labuta, ao backstage, para cobrir tudo. Depois é que veio o lance da personificação de saberem quem eu era. A mudança foi gradual. Notei que passaram a ver a Camila além do site Garotas Estúpidas. Daí percebi que tinha que prestar mais atenção no que vestia, pois o mercado começou a me ver como influenciadora.

Você realmente foi uma das primeira blogueiras. E este ano o GE completou 10 anos! Teve um processo consciente para pensar sua marca?

O Garotas Estúpidas foi um impulso criativo. No início, nunca pensei que viraria um negócio. Foi crescendo e banquei o nome. Fiz conta no banco como pessoa jurídica Garotas Estúpidas, com orgulho. Com o tempo, senti que o nome Camila Coutinho também estava despontado. Percebi que poderiam ser marcas com posicionamentos diferentes. Hoje, levo as duas. Como Camila, me permito, às vezes, mostrar um lado mais de luxo — a gente fica mais velha e um pouco mais sofisticada, né? [risos] O GE faz uma linha mais hi-lo.

Seu negócio cresceu e agora você tem uma equipe. Foi difícil passar partes do blog para outras pessoas escreverem? Você é controladora?

Não foi. No começo, quando não delegava, eu surtava, de colocar a mão na cabeça e chorar. Então, percebi que se achar as pessoas certas elas vão te representar bem. E trabalho junto. Estou o tempo todo no WhatsApp com a Andressa, que é quem cuida do site atualmente. Ela me manda texto, mando áudio pra ela no meio das fashion weeks, quando não consigo parar para escrever. Formei uma boa equipe e tudo fui melhor. Fico mais livre para ter mil ideias. Adoro pensar projetos. No banho, malhando, no avião… As ideias vêm e monto um negócio! [risos] Às vezes não serve para nada, é só um fogo de palha. Mas outras tantas se desdobra e rende algo.

Como costuma tomar as suas decisões? É racional ou emocional?

Vou no feeling. Como boa libriana, claro, tenho meus momentos de dúvida. Mas é engraçado, tenho isso mais com coisas pequenas, como escolher o horário de um voo ou que brinco usar. Quando é algo grande, decido e me jogo. Depois vou organizando melhor. Você tem que seguir seu instinto. Às vezes, uma ideia pode dar errado e ninguém perceber ou dar certo e todo mundo pirar. Gosto é de ter ideias diferentes, de fazer primeiro. Se faço algo e aquilo é muito copiado, não acho ruim, não. Sinal de que inovei. Mas já fico com vontade de inventar a próxima.

É dezembro. Você é do tipo que avalia o ano que passou e planeja o seguinte?

Faço uma coisa atrás da outra, e no fim do ano nem rola um respiro tão grande. Dezembro será corrido, com idas a Paris, para o desfile da Victoria’s Secret, e Londres, para reuniões. Depois volto para Recife. Quero ficar um pouco em casa, fazer check-up, ir ao dentista… 2016 foi legal, quero fechá-lo bem. Estou animada para 2017, vendo possibilidades novas de ser criativa. Uma delas é meu livro!

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Digital Influencer conta como está sendo sua separação (Reprodução/Cosmopolitan)

Este ano rolou uma grande mudança na sua vida, a separação do Diego, como foi?

Muito natural, sem conflito, como tudo na minha vida. Libriana! Fiz questão de fazer de modo sossegado.

Bate uma sensação estranha de ter um novo estado civil, depois de 12 anos?

Tô curtindo conhecer pessoas diferentes, fortificar amizades e me conhecer mais. Vai ser meio por aí. Não acho que vá ter uma mega mudança — nenhum de nós deixou de fazer nada por causa da relação. A gente abre mão aqui e ali, mas não mudou a personalidade. Enfim, o novo é desafiador: no amor, no trabalho… Mas estou feliz e satisfeita comigo.

E a vida de solteira?

Qual? [risos] Tô trabalhando tanto que não tive tempo de cair na pista. Vou passar o Réveillon em Noronha. Quem sabe…

Vai se arriscar em app de namoro?

[risos] Não faz o meu tipo. Nunca fui da pegação. Nem estou pensando nisso, sabe? [A separação] não foi uma decisão que tomamos por isso.

Dá pra ser amiga de ex?

Dá, ô se dá. Só tem que ter sinceridade. E coração aberto, respeito e empatia. As pessoas estão tão perdidas na rapidez do mundo que se esquecem de respeitar o próximo. Amores, amigos, colegas de trabalho… Tem que entender, resguardar o outro. Não precisa expor tudo nas redes sociais, falar da vida.

O post do Instagram sobre a separação foi super-respeitoso, rolou um papo antes?

Há dez anos falo diretamente com o meu público. Eles me acompanham, têm carinho por mim e pelo Diego também. Não faria sentido um comunicado frio. Nosso término foi tranquilo, sincero e transparente. Bem resolvido, sabe? A gente conversou muito, mas a decisão de postar foi natural e carinhosa. Tanto é que ele postou também. Fiz de coração aberto, e senti que as pessoas reconheceram que fui sincera.

O que você faz questão de fazer offline?

Ficar com minhas amigas, rir, fofocar, pôr o papo em dia. Quando saio com elas em Recife, nem pego o celular. Elas pegam e eu não! Gosto tanto desse momento com elas, com minha família, que faço questão de curtir cada instante.

Qual bandeira faz questão de levantar?

Sou do discurso de que tudo muda rápido e não dá para ser metida, intocável ou achar que chegou a um ponto da carreira ou da vida em que pode dizer “Pronto, arrasei, me tira daqui”. Por mais que meu trabalho envolva imagem, ego, mídia e tals, nunca dá pra achar que se é melhor do que ninguém. Quero manter o pé no chão. E ser natural e mostrar isso. Naturalidade é show. Adoro maquiagem, mas amei fazer essas fotos de capa sem cílios postiços. Quanto mais fresh, mais bonita.

Uma vibe meio Alicia Keys, que baniu o make da vida?

Acho mara! É muito legal a opção, ver alguém fazer isso. Mas não tem que ser obrigação: quem quer sair maquiada sai, quem não quer não sai. Só acho uma hipocrisia todo mundo falar que Alicia é o máximo sem make quando realmente está metendo o pau na celebridade que vai comprar um pão de cara limpa. A imagem acompanhada do discurso tem muito mais peso que a imagem sozinha.

 

Redação OitoMeia