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Beleza

Quais fatores influenciam na saúde e aparência da pele dos brasileiros?

Redação OitoMeia - 8 de novembro de 2016 às 23:07

Pesquisadores concluíram que está tudo integrado: o efeito sistêmico do aumento de peso é percebido na pele, assim como práticas não saudáveis como o fumo, indicando a importância de bons hábitos na manutenção da qualidade da pele /Foto: iStock/Getty Images
Pesquisadores concluíram que está tudo integrado: o efeito sistêmico do aumento de peso é percebido na pele, assim como práticas não saudáveis como o fumo, indicando a importância de bons hábitos na manutenção da qualidade da pele /Foto: iStock/Getty Images

Fatores ambientais e comportamentais podem ter tanta influência na saúde e aparência da pele quanto a genética. De acordo com o maior estudo já realizado sobre a pele brasileira, enquanto a hidratação da pele é 60% influenciada por características genéticas e 40% por fatores externos, na elasticidade ocorre o inverso. As influências genéticas são responsáveis por apenas 40% da elasticidade da pele, enquanto os outros 60% são determinados por fatores como hábitos, ambiente e outras características.

Essa descoberta é importante porque, segundo o mesmo estudo, que analisou cerca de 1.400 voluntários, as características dermatológicas que fazem uma mulher parecer mais velha são: menor hidratação, menor elasticidade e mais rugas periorbitais (os famosos “pés de galinha”).

“O achado foi importante porque conseguimos estimar o quanto da saúde e da aparência da nossa pele é herdado e portanto, determinado por uma questão genética e o quanto está ao nosso alcance para mudar.”, disse Carla Barrichello, gerente de ciências do bem-estar da Natura.

O estudo, realizado em parceria pela Universidade de São Paulo e Natura, buscou analisar a influência da genética e de fatores ambientais nas características da pele brasileira. Ao longo de quatro anos, os pesquisadores avaliaram a pele e os hábitos de cerca de 1.400 habitantes, da cidade de Baependi, em Minas Gerais.

O município conta com uma ampla distribuição étnica e gênica, semelhante à do Brasil. Além disso, o fato de ser uma cidade pequena possibilitou a análise familiar, o que foi essencial para que os cientistas conseguissem chegar à herdabilidade (cálculo matemático que tenta explicar a influência genética de uma característica) da pele.

“Por meio de análises genéticas do DNA de pessoas da mesma família nós conseguimos descobrir a herdabilidade dessas características da pele. Agora estamos estudando qual é o pedacinho do genoma que explica porque uma pessoa tem a pele mais seca que a outra, por exemplo. No futuro, isso poderá ser utilizado para predizer, por exemplo, se uma pessoa tem uma probabilidade menor ou maior de ter pele seca e a abre a possibilidade para o desenvolvimento de terapias que permitem modular isso e também descobrir qual pessoa responderá melhor a determinados tratamentos, baseado em suas características genéticas.”, explicou Alexandre Pereira, autor do estudo e coordenador do grupo de genética humana do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínica da Faculdades de Medicina da USP.

A pesquisa mediu características da pele como elasticidade, hidratação, oleosidade, barreira cutânea, rugas, manchas e poros. Além de concluir que a hidratação é mais influenciada pela genética (60%) do que por fatores externos (40%), enquanto a elasticidade é o oposto, (40% genética e 60% fatores externos), o estudo mostrou também que a influências genética é responsável por apenas 20% da oleosidade da pele. Os outros 80% são determinados por hábitos, pelo ambiente e por outras características biológicas.

A regulação da barreira cutânea – camada mais externa e protetiva da pele – é a única característica analisada que não tem influência genética, ou seja, ela é totalmente guiada por efeitos ambientais, biológicos ou de hábitos de vida.

Vilões

O estudo elencou ainda os principais vilões da saúde e aparência da pele. Os principais inimigos da hidratação da pele, por exemplo, são: excesso de peso, de exposição solar e o fumo. Somados à idade, essas também são as principais influências negativas sobre a elasticidade da pele. Quando o assunto são as “rugas orbitais”, o fumo aparece disparado como o maior vilão. Em conjunto com a exposição solar, o tabagismo também foi associado a uma maior quantidade de manchas na pele.

A perda de elasticidade da pele é fortemente influenciada pelo sol. O estudo concluiu que áreas mais expostas ao sol, como o rosto, apresentam uma perda de elasticidade muito mais acentuada até os 45 anos. Em relação à oleosidade da pele, o sobrepeso é o principal vilão. Um alto índice de massa corporal (IMC) foi associado a um excesso de oleosidade. Já os principais fatores que influenciam negativamente a regulação da barreira cutânea da pele são idade e peso.

Para Ana Paula Azambuja, gerente científica da Natura, a questão do peso foi surpreendente. “Esse é um forte indicador de que a saúde do corpo está associada à saúde da pele como um todo”, afirmou.

Aliados

Como já era esperado, o protetor solar mostrou-se um aliado da saúde da pele e de uma aparência mais jovem. Seu uso foi associado a um menor comprimento de rugas periorbitais (‘pés de galinha’) e a uma melhor uniformidade da cor da pele. A cor da pele também mostrou ter forte influências nessas características, principalmente na hidratação da pele. Por exemplo, as pessoas que se autodeclararam negras apresentaram maior hidratação, em comparação com as demais opções de autodeclaração.

Pele versus hábitos alimentares

Um segundo estudo, realizado pela mesma equipe, mas com uma população diferente, buscou analisar a influência da alimentação na pele. Os resultados mostraram que a dieta ovolactovegetariana – que exclui carnes da alimentação, mas mantém ovos e derivados do leito – foi associada positivamente a diferentes característica de pele como melhor hidratação, menos manchas e menor rugosidade, segundo Ana Paula.

Dessa vez, os pesquisadores realizaram um estudo populacional mais de 1.200 voluntários na cidade de São Paulo. Segundo Pereira, diferentemente da pesquisa anterior, essa foi bastante específica, pois se restringiu à uma comunidade da religião adventista do 7º dia.

“Escolhemos esse recorte porque queríamos estudar os efeitos da dieta na saúde e nessa comunidade há uma prevalência maior de pessoas vegetarianas do que na população em geral. Concluímos que a dieta vegetariana foi associada a uma aparência mais jovem.”, afirma o especialista.

Para os autores, a grande mensagem desse estudo é que a saúde do corpo se expressa através da saúde da pele. Ou seja, está tudo integrado: o efeito sistêmico do aumento de peso é percebido na pele, assim como práticas não saudáveis como o fumo, indicando a importância de bons hábitos na manutenção da qualidade da pele.

Redação OitoMeia