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Futebol

CBF muda estatuto para eleições, mas continua fazendo clubes de meros coadjuvantes no pleito

Victor Costa - 24 de março de 2017 às 10:37

Foi maquiavélica a mudança do estatuto da CBF aprovada nesta quinta pelas 27 federações em Assembleia Geral. Sem participação dos clubes e a pretexto de enquadrar a entidade nos termos da lei do Profut, os lobos da confederação aplicaram mais um golpe contra o futebol brasileiro. Com uma manobra esperta, mas de legalidade discutível, Del Nero e seu aspone-mor, Walter Feldman, zombaram do espírito e da tradição legislativa brasileira.

Del Nero e seu aspone-mor, Feldman, zombaram do espírito e da tradição legislativa brasileira (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

Para se enquadrar à nova lei, os 40 clubes das séries A e B foram incluídos no colégio eleitoral da ​CBF. Mas os que fazem verdadeiramente o nosso Fut seguem sem poder de decisão, já que o novo estatuto estabelece pesos diferentes para cada eleitor. Assim, cada voto de federação valerá por três, os clubes da Séria A terão peso dois e os da série B voto unitário. No computo geral, se todas as federações ficarem de um lado e os clubes do outro, o placar favorável às entidades será de 81 a 60.

Mas a manobra não parou por aí. A cláusula de barreira do estatuto atual foi mantida exigindo apoio formal de pelo menos oito federações e cinco clubes para que uma candidatura seja lançada à presidência da entidade. Isso inviabiliza o surgimento de uma oposição consistente e confirma os clubes no papel de simples cordeirinhos da nova fábula maligna da CBF.

Ou seja, tentaram dar ares de democracia a um sistema que  segue viciado. Mesmo que todos os 40 maiores clubes se unam para indicar um candidato, este não poderá ser inscrito sem a anuência dos aliados de Del Nero.

É pública a relação promíscua entre as federações e a CBF. São usuais os mimos que, seguindo os passos de Ricardo Teixeira e Marin, Del Nero distribui aos cartolas. Mas as mesadas oficiais às entidades, os convites para viagens e outras mordomias menos institucionais têm um preço. E é deste conluio que continuarão a sair as decisões que estruturam – ou desestruturam – o nosso fut , como o calendário inadequado, preferido das federações. ​

A farsa desta quinta foi mais uma derrota para os que lutam pela moralização, pela transparência e a profissionalização do nosso fut.


Victor Costa