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Flalrreta Alves

Louco é quem me diz *

Flalrreta Alves - 6 de fevereiro de 2017 às 20:33

Na ultima quarta-feira (01/02) foi divulgado um vídeo promocional da nova temporada do Salve Rainha. No vídeo, a belíssima canção de Johnny Hooker, purpurina, sorrisos, alegria… um carnaval, como deve ser nossa festa! Não fosse pelo local escolhido, eu teria compartilhado no mesmo instante, apesar da menina de biquíni!!

Acompanho o trabalho do coletivo Salve Rainha desde a primeira edição, lá na praça do skatistas onde também funcionou a sede  do Salão de Humor do Piauí. Conhecendo a proposta do coletivo e do seu idealizador, abstrai a moça de biquíni pela Frei Serafim porque sabia que a proposta não era objetificação do corpo feminino. Não mesmo!

But, festa NO MEDUNA?? Fechei a cara (pra variar), mas fiquei na minha. Tenho pessoas próximas que estiveram internadas diversas vezes por lá, inclusive, há três dias do local fechar as portas, em 2010. As recordações do sofrimento à família não são das melhores e por isso a recepção negativa referente A FESTA no local escolhido. A galera faz um trabalho tão massa que não valeria me indispor por isso. Além de quê (PRINCIPALMENTE PORQUE) daria visibilidade a mais um prédio que temos e não é valorizado…

Nos dias seguintes percebi que não era uma opinião isolada. Vários teresinenses, inclusive pessoas que trabalharam no local e pessoas que, assim como eu, acompanham e apoiam o trabalho do Salve Rainha, reprovaram a festa naquele que foi nosso “nau” até dia desses.  O assunto repercutiu por dois dias nas redes sociais, compararam com a Central de Artesanato, Memorial do Holocausto e etc.

Entre gritos e gemidos, ~intelectuais~ tornando ilegítima a comparação com o Holocausto. Na minha humilde opinião, em devidas proporções é sim uma comparação viável. E nem estou falando desse texto aqui. Não vou entrar em detalhes porque o portal OioMeia já fezuma matéria bem apurada sobre essa “treta mafrense”.

No sábado, vésperas de iniciar oficialmente a primeira temporada, foi divulgado o horário que aconteceria um debate sobre saúde mental. Segundo o coletivo, essa proposta já existia antes da “polêmica” relacionada ao evento dessa temporada.

Banner de divulgação do coletivo. Esse eu compartilhei nas minhas redes sociais

No domingo (05), fui ao debate. Entre depoimentos de pessoas engajadas na luta antimanicomial e promoção da saúde mental, um jovem com transtorno bipolar fez seu relato e também questionou a realização da festa no local. Pelo que acompanhei EM NENHUM MOMENTO o coletivo pediu desculpas. Sugeriu que foi uma má interpretação das pessoas, e insistiram na questão de ressignificação.

Não estou aqui para reprovar A ou B. Mas, enquanto Relações-públicas, devo dizer que um pouquinho de humildade só otimizaria aquilo que já é bom. Até mesmo porque a representante de um dos coletivos de saúde mental comentou ainda não sexta-feira que só soube da temporada através da repercussão. Ou seja…

Pronto! Encerro por aqui meu adendo  e vamos focar no que interessa: o evento aconteceu e foi lindo!!

E mais: muita gente que não sabia da história, ficou sabendo a partir da repercussão e se interessou em participar!

Momento do debate sobre saúde mental. Creio que eu seja aquele pontinho rosa à direita. Imagem: Coletivo Salve Rainha

A tal da globalização faz esse tipo de coisa com a geração Y. Uma galera frequenta o shopping ao lado do Meduna, assiste filme (coladinho ao prédio), acompanha toda a saga Game of Thrones, mas não sabe o que está contido em Machado de Assis (O Alienista) ou qualquer outro livro de O.G.Rego de Carvalho. Quiçá, trabalhos acadêmicos que envolvem a história do hospital privado conduzido pelo médico, professor e político Clidenor de Freitas Santos.

Nesse sentido, desejo que a ocupação seja tão intensa quanto o coletivo. Que o debate seja tão emocionante e produtivo quanto o que eu vi no domingo e que a memória não seja apagada.

Ressignificar sim! Celebrar com vida e luz aquele que ainda é considerado um local de trevas. Mas com responsabilidade e respeito à memoria dos que ainda estão nessa luta. Muitos salves e luz a todos os envolvidos.

 

Beijos!!

*Trecho da “balada do louco” do grupo Os Mutantes


Flalrreta Alves